E você? Já viu?

terça-feira, janeiro 16, 2007

Good Night, and Good Luck

Diretor: George Clooney
Com: David Strathairn, George Clooney, Robert Downey Jr., Jeff Daniels



Boa Noite, e Boa Sorte é um filme baseado em fatos reais. Tem apenas 90 minutos e foi totalmente filmado em preto e branco. O filme é sobre o jornalista Edward R. Murrow(Strathairn) e sua briga histórica com o Senador John McCarthy de Wisconsin na década de 50.

Enquanto o Sen. John McCarthy só aparece em gravações da época, Strathairn faz uma atuação impecável no papel do jornalista que contestava sem medo os métodos de McCarthy contra o comunismo. Clooney faz o produtor da CBS Fred Friendly, e luta por uma coisa que se já era importante naquela época, é ainda mais nos dias de hoje: O dever do jornalismo de mostrar a verdade à população.





Edward C. Murrow, foto original à esquerda, e à direita

interpretado pelo ator David Strathairn


O filme é modesto na parte de cenários, é quase completamente filmado dentro dos estúdios da CBS, a única parte em que dá pra ver o céu é em um comercial de um patrocinador da emissora.

Quando Murrow decide enfrentar McCarthy, que conduzia uma investigação implacável contra uma suposta invasão comunista no governo e causava uma paranóia pós-guerra nos EUA, o medo invade o estúdio de notícias.Murrow sabia, assim como seu chefe William Paley(Frank Langella), que McCarthy iria retaliar questionando seu patriotismo e sujando seu nome. Assim ele colocava toda rede CBS em risco. O senador usava o medo pra minimizar a liberdade americana na época, alguém associa isso com o 11 de setembro?


Clooney como o produtor da CBS Fred Friendly

Esse filme tem um significado especial pra Clooney, o pai dele era um apresentador de noticiário de TV, e Murrow era um ícone para sua família. É impossível não comparar a história do filme com fatos atuais, Bush e a guerra do Iraque combinariam perfeitamente com o que o filme passa.

Alguns Edward Murrow aqui no Brasil não fariam mal algum.



Babel

Diretor: Alejandro González Iñárritú
Com: Brad Pitt, Cate Blanchett, Gael Garcia Benal


A Bíblia diz que Deus ficou zangado quando os homens tentaram alcançar o paraíso construindo uma torre(Que depois ficou conhecida como Babel), então ele acabou com os planos do homem criando várias linguagens que tornaram impossível a comunicação e entendimento entre eles. Daí podemos entender que Babel significa barulho e falta de comunicação.

Algumas coisas nunca mudam. O diretor Iñárritu aplicou esse conceito de Babel para os modos em que nós vivemos hoje em dia, num mundo que vive sob a pressão do terrorismo e dividido por diferentes linguagens, raças, religião e dinheiro. Embora um pouco pesado, o filme é extraordinário. É um filme complexo, que com certeza vai partir seu coração, e com apenas uma simples mensagem: Passar por cima das diferenças da civilização moderna e começar a ouvirmos os nosso semelhantes.


Pitt e Blanchett em atuação espetacular


O filme nos joga em vidas de famílias diferentes, nos mais diversos lugares: Marrocos, Tóquio, San Diego,fronteira do México. A mistura de dialetos perturba nossos ouvidos. Até a linguagem dos sinais é usada. Vários flashbacks ocorrem causando mais e mais desorientação. Mas preste atenção, porque todas essas linhas pararelas se encontram.

Tudo começa no deserto de Marrocos quando um homem compra um rifle de um vizinho pra manter os chacais distantes da sua criação de cabras. O rifle foi presente de um caçador japonês para o vizinho como uma forma de agradecimento pelos seus trabalhos como guia de caça. O rifle então é deixado com os dois filhos do criador de cabras que acabam atirando num ônibus cheio de turistas ocidentais, apenas pra matar a curiosidade dos garotos pra saber o quão longe a bala iria.

Entretanto, a bala atinge uma americana chamada Susan(Blanchett) que está viajando com o marido Richard(Pitt), numa tentaviva de "salvação" do casamento, muito abalado pela perda de uma criança. Quatro horas de distância do hospital mais próximo, o ônibus faz um desvio em direção à uma vila remota, aonde um homem local oferece abrigo enquanto os outros turistas começam a discutir se devem ou não permanecer na vila.

Desesperado, Richard liga pra embaixada americana implorando por ajuda, e também para sua casa em San Diego, aonde a babá deles Amélia(Adriana Bazarra), toma conta de seus dois filhos. Com a esposa baleada e sangrando até a morte no deserto, ele pede pra ela continuar tomando conta das crianças, enquanto ele consegue ajuda.

Ao mesmo tempo, o filho de Amelia está se casando depois da fronteira, e ela tenta arrumar uma babá substituta para as crianças de todo jeito, mas não consegue. Então decide levar as crianças junto com ela para o casamento do filho, num carro dirigido pelo seu sobrinho cabeça quente Santiago(Benal).

Enquanto Richard luta para manter sua esposa viva, o tiro no ônibus acaba se tornando um incidente internacional, com as autoridades pensando se tratar de um atentado terrorista, e iniciando uma caçada para achar os culpados.

Enquanto isso em Tóquio, uma jovem surdo-muda chamada Chieko(Rinko Kikuchi) sofre pela morte da mãe que se suicidou, tem uma relação instável com o pai (Koji Yakusho), e tenta lidar com as frustrações da adolescência.

Kikuchi no papel da adolescente surdo-muda


Vale prestar atenção em uma cena em Tóquio em que Chieko está numa boate dançando com as amigas, e o aúdio é cortado pra refletir exatamente o que ela está sentindo, é impressionante.

Iñárritu consegue juntar todas essas histórias de uma forma brilhante, explorando os personagens e suas relações de uma maneira profunda. O suspense aumenta à medida em que todos os envolvidos se encontram perdidos num lugar em que eles não conseguem entender as pessoas, nem sabem em quem confiar.

Babel é um filme pesado, inquietante e complexo. Vai lhe deixar pensativo durante algum tempo, enfim, vai despedaçar suas emoçoes. Iñárritu mais uma vez faz um filme brilhante, com a ajuda de um ótimo elenco.